A cada ano, parece que o termo sobrecarga de trabalho é repetido com ainda mais frequência, concorda? Pois saiba que isso não é apenas impressão: até a Organização Mundial da Saúde (OMS) reconheceu a síndrome de burnout como fenômeno ocupacional. Isso porque ela não está relacionada às sensações comuns que a maioria tem, mas sim à exaustão física, mental e emocional relacionada a cansaço extremo, redução da eficiência e distanciamento mental.
Identifica-se com isso ou conhece alguma pessoa que provavelmente está sendo afetada pelo esgotamento profissional? Será que você realmente entende como isso é nocivo não apenas no âmbito profissional, mas também em todas as áreas da vida?
Neste post, vamos explicar como a sobrecarga de trabalho é prejudicial e apresentaremos algumas soluções para você mudar sua rotina e se sentir melhor consigo mesmo. Preparado? Então, vamos à leitura!
O que define uma sobrecarga de trabalho?
Sentir cansaço no final do expediente é comum. Não ver a hora de chegar o final de semana para ter um tempo só para si ou aproveitar com a família também. Então, afinal, o que define exatamente uma sobrecarga de trabalho? O que separa sensações comuns de sintomas realmente sérios?
Como já mencionado, a síndrome de burnout foi reconhecida pela OMS como fenômeno ocupacional e está incluída na 11ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11). Ela foi conceituada como:
“resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”.
E o que isso significa em termos mais objetivos? Em geral, além da improdutividade, essa síndrome envolve:
- exaustão ou esgotamento de energia (fadiga acentuada);
- distanciamento mental do próprio trabalho;
- desmotivação;
- sentimento de negativismo relacionado à ocupação.
Com um alto número de desempregados e um mercado cada vez mais competitivo, não é incomum que funcionários em diferentes cargos se sintam pressionados a entregar bons resultados, por vezes ultrapassando os próprios limites e prolongando a jornada diária. Principalmente no cenário atual, onde muitas empresas ainda estão atuando em home office ou até mesmo decidiram fixar o modelo remoto.
Há ainda aqueles profissionais que não sabem e/ou não conseguem dizer “não” para a pessoa que ocupa o cargo de chefia. Se as empresas não tiverem políticas bem definidas com metas realistas e limite mensal de horas extras, por exemplo, e não oferecerem suporte aos funcionários, o quadro pode se tornar instável com o tempo.
Caso se sinta pressionado com o excesso anormal de tarefas, talvez o problema esteja justamente em seu local de trabalho e não em seu desempenho como profissional. Se você não tem certeza sobre as práticas da empresa serem abusivas ou não, busque aconselhamento — jurídico, de preferência.
De que forma isso pode ser prejudicial?
Em alguns casos, a carga mental e física pode se tornar tão pesada que a pessoa não consegue sequer ir trabalhar, colocando em risco o próprio meio de sustento. Ou seja, além dos problemas de saúde decorrentes do estresse, o indivíduo começa a ter as relações afetivas, sociais e profissionais prejudicadas.
Não é difícil perceber como a sobrecarga de trabalho pode ser prejudicial dentro e fora do ambiente profissional, concorda?
De acordo com uma pesquisa realizada pela ISMA-BR (International Stress Management Association no Brasil), 30% dos profissionais brasileiros sofrem com a síndrome de burnout. Isso significa dizer que, diariamente, há milhões e milhões de pessoas sofrendo com:
- distúrbios do sono;
- dificuldade de concentração;
- falta de apetite;
- desmotivação no trabalho;
- dores de cabeça recorrentes;
- dores musculares;
- depressão.
Tudo isso só pode resultar em uma coisa: estresse cada vez mais acentuado, aparecimento de mais sintomas físicos e mentais e adoecimento. É como se o nosso cérebro começasse a “pifar”.
Vale ressaltar que os sintomas físicos e psicológicos variam e têm intensidades diferentes de pessoa para pessoa. Por isso, o diagnóstico deve ser sempre feito por um profissional da área da saúde.
Como dar conta de todo o trabalho esperado?
Como você já deve imaginar, não há receita de bolo para isso, até porque cada profissão exige diferentes técnicas e tipos de atenção. Por outro lado, existem sim práticas que podem ajudá-lo a dar conta de todo o trabalho esperado sem adoecer, e algumas são mais simples do que imaginamos:
- fazer uma viagem em família e ter momentos de qualidade;
- aprender a deixar as obrigações profissionais no escritório;
- meditar, alimentar-se bem e praticar atividades físicas regularmente;
- conversar e ter momentos com amigos;
- planejar-se antecipadamente para cumprir as obrigações do trabalho;
- descobrir novos hobbies ou reservar momentos para aqueles que já existem;
- reconhecer e aceitar seus limites;
- dizer “não” quando necessário;
- escolher destinos de férias que realmente proporcionem momentos de lazer e descanso.
Lendo assim parece muito simples, e é sempre bem mais fácil falar do que fazer, não é mesmo?
Levando em conta que durante a pandemia muitas atividades antes convencionais de descontração não estão seguras, e que o maior isolamento pode gerar ainda mais estresse, é essencial tentar descobrir que atividades podem ajudar você a enfrentar esse momento. Novos hábitos, por mais simples que sejam, são construídos dia após dia, pouco a pouco. Antes de tudo, é preciso acreditar que é possível sim mudar sua rotina e construir uma nova realidade.
Considerando, claro, que a empresa não tenha práticas abusivas e não esteja exigindo demais dos funcionários (o que demanda outros tipos de medidas), é importante buscar formas de otimizar seu tempo para finalizar as tarefas dentro do prazo. Nesse caso, você pode conversar com colegas e coordenadores dentro da empresa, dependendo de qual for a sua relação com essas pessoas, sobre essa dificuldade.
Outra possibilidade é buscar ajuda profissional (como de psicólogos, por exemplo, para entender melhor o que pode estar bloqueando um processo saudável de produtividade), ou até mesmo especialistas em gestão do tempo. Ainda é de grande ajuda explorar conteúdos como este, para descobrir formas de organizar melhor o dia-a-dia e testar novas práticas. O gerenciamento de tempo é um dos primeiros passos para dar conta do trabalho sem prolongar a jornada diária. Para isso, você pode:
- criar um cronograma de atividades com prazos realistas (nessa empreitada, o Trello pode ser um bom companheiro);
- delegar tarefas sempre que possível;
- definir pequenas pausas durante o trabalho;
- ter a tecnologia como aliada, principalmente em tarefas que podem ser automatizadas;
- organizar sua rotina com antecedência, seja domingo à noite (no caso de um cronograma semanal, por exemplo) ou diariamente.
Enfim, neste post, vimos como a sobrecarga de trabalho pode ser prejudicial e deve ser acompanhada de perto para não se transformar em algo mais grave. Se você acha que apresenta sintomas da síndrome de burnout, agende uma consulta com um psiquiatra ou psicólogo o quanto antes para obter o diagnóstico correto — no SUS, o diagnóstico e o tratamento acontecem por meio da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Ah, e muito importante: nunca tome medicamentos por conta própria, pois, com o decorrer do tempo, isso pode piorar ainda mais a situação. A melhor opção é sempre buscar o auxílio de um profissional.
E se você entendeu que precisa encontrar formas para ter uma vida mais prazerosa, escolha quais dessas dicas são ideais para a sua realidade e teste. Aos poucos você pode encontrar maneiras de reverter a sobrecarga!